Loureiro (Laurus nobilis L.)

25-01-2016 10:16

Loureiro (Laurus nobilis)

Figuras: Loureiro (esquerda). Flores masculinas (em baixo, à direita) e frutos (em cima, à direita) de loureiro. Créditos das fotos: J. Ezequiel.

 

Hoje vamos falar de uma árvore que toda a gente conhece e que pode ser facilmente encontrada na nossa região. O loureiro é um arbusto ou pequena árvore, da família Lauraceae (a mesma da canela, da cânfora e do abacate). Possui folhas simples, persistentes, com forma lanceolada e floresce no final do Inverno ou início da Primavera. Tal como o salgueiro, o loureiro é dióico, isto é, existem árvores masculinas (apenas com flores masculinas), produtoras de pólen e árvores femininas (apenas com flores femininas), produtoras de frutos e sementes. Os frutos são pequenas bagas inicialmente verdes, ficando pretas, quando maduras. É uma árvore comum na margem de valas, sendo também amplamente cultivado pelas suas propriedades.

O louro (folhas do loureiro), apesar de não ser comestível, pela sua toxicidade, tem sido usado como condimento em culinária, sobretudo na cozinha mediterrânica.

O loureiro teve sempre um grande simbolismo na cultura greco-romana, sendo comummente associado a pessoas de estatuto elevado ou como símbolo de vitória. Ainda hoje temos palavras na língua portuguesa que derivam desta associação, laureado (que significa galardoado), ficar com a coroa de louros (que significa ser premiado ou vitorioso) ou bacharelato (grau académico que deriva do latim baccalaureatus, que significa baga de loureiro).

Embora não pareça, no passado (antes das ultimas glaciações, quando o clima do sul da Europa era subtropical e mais húmido) as Lauraceas dominaram a floresta portuguesa, chamando-se a esta floresta Laurisilva. A Laurisilva dominou até o clima mudar (ficou mais frio) e ser substituída naturalmente pela Fagosilva (floresta de carvalhos, da qual falamos na edição passada). Ainda hoje é possível encontrar alguns vestígios isolados em vales abrigados em Portugal Continental, mas é nas ilhas (particularmente na Madeira e nas Canárias) onde a pequena amplitude térmica e a elevada humidade permitem que existam consideráveis áreas cobertas por estas “florestas primitivas”, que são hoje património da humanidade (UNESCO).

 

Dr. João Ezequiel, Universidade de Aveiro

(APEEAEC)