O Programa Apollo

10-05-2016 13:23

Figuras: Lançamento do foguetão Saturno V, durante a missão Apollo 11, em 16 de Julho de 1969 e que colocaria o Homem pela primeira vez em solo lunar (esquerda). A Terra vista da orbita lunar pela Apollo 8, em 24 de Dezembro de 1968 (centro). O astronauta James Irwin saúda a bandeira americana no dia 1 de Agosto de 1971, durante a missão Apollo 15. Esta foi a primeira vez que se usaram os buggies lunares (direita). Créditos das fotos: NASA.

 

 

Desde tempos imemoriais, que o Homem desejou visitar a nossa vizinha cósmica mais próxima, a Lua. O sonho tornou-se real há quase 47 anos, quando Neil Armstrong pisou a sua superfície, depois de ter transposto os 385000 quilómetros que nos separam da Lua.

Tudo começou com a corrida espacial desenvolvida por americanos e soviéticos nos anos 50 e 60. Os primeiros começaram com algum atraso (Sputnik e Gagarin tinham ferido o orgulho americano) e vários reveses, particularmente com o incêndio da Apollo 1, onde morreram 3 astronautas. Mas a determinação americana, evidenciada pelo discurso do presidente Kennedy, onde existia o compromisso de colocar um homem na Lua até ao final da década de 60 e os problemas do foguetão N1, puseram os soviéticos fora da corrida à Lua.

O Programa Apollo, que decorreu entre 1961 e 1972, com um custo cifrado hoje em 170000 milhões de dólares, foi o esforço de uma nação inteira em chegar primeiro à Lua. Isto passou pelo desenvolvimento de uma série de novas tecnologias essenciais para o sucesso do programa. De todas, a mais impressionante será talvez o desenvolvimento do foguetão Saturno V, que serviu de vetor a todas as missões lunares. Com 111 metros de altura e 2950 toneladas de peso, no lançamento (sensivelmente o mesmo que uma fragata classe Vasco da Gama) este foi o maior e mais potente foguetão jamais produzido. Era capaz de por em orbita terrestre de uma só vez 140 toneladas e enviar para a Lua quase 50 toneladas de material, que incluía o módulo de comando, módulo de serviço e módulo lunar.

A primeira e talvez a mais famosa de todas as missões a alunar com sucesso, foi a Apollo 11. A História recordará para sempre os nomes de Neil Armstrong e Buzz Aldrin, bem como Michael Collins, que não chegou a alunar, tendo ficado no módulo de comando em orbita lunar. Esta missão teve uma duração de 8 dias, tendo permanecido menos de um dia na superfície lunar, mais propriamente no Mar da Tranquilidade, onde parte do módulo lunar Eagle ainda permanece. Pelo meio tivemos a azarada missão Apollo 13, que não chegou a alunar, devido a uma explosão no tanque de oxigénio líquido, mas que trouxe de volta à Terra, sãos e salvos os três astronautas. Missões posteriores, como as Apollo 15, 16 e 17, em 1971-72, tornaram-se mais complexas, com a adição dos buggies lunares, que permitiam a exploração de maior área lunar e estadias mais prolongadas (até 12 dias de missão, 3 deles na superfície lunar). A Apollo 17 tem não só a particularidade de ter sido a última missão, mas também foi a primeira a transportar um cientista, mas concretamente um geólogo, Harrison Schmitt. Ao todo, entre 1968 e 1972, 24 homens orbitaram o nosso satélite natural e metade deles caminhou e explorou a Lua.

Para além do feito humano, o programa Apollo desvendou muitos mistérios da Lua e trouxe para a Terra 380 quilogramas de rochas lunares. Na Lua ficaram sensores, que permitiam medir sismos lunares, bem como medir com precisão a distancia Terra-Lua. Permitiu também determinar que a Terra e a Lua têm uma origem comum, ajudando a consolidar a hipótese do grande impacto (Theia) na origem lunar.

Para recordar este importante acontecimento para a Humanidade, a Associação de Pais (APEEAEC), vai trazer às nossas Escolas básicas do primeiro ciclo, o astrónomo José Augusto Matos nos próximos dias 10, 11 e 13. A palestra intitulada: “Chegámos à Lua”, permitirá que os nossos alunos (do 3º e 4º ano) possam aprender mais sobre este assunto.

Para terminar, recordo duas importantes efemérides que decorreram durante este mês. No dia 9, vamos ter o raro trânsito do planeta Mercúrio. Os trânsitos ocorrem quando os planetas Mercúrio e Vénus cruzam aparentemente o nosso Sol, aparecendo como pequenos pontos escuros na sua superfície. O trânsito de Mercúrio é um fenómeno pouco frequente (13 vezes por século), que deve ser observado apenas por observadores experientes e respeitando a máxima segurança. Finalmente, no dia 22 teremos a oposição de Marte. Esta será a melhor oportunidade em dois anos para observar e fotografar o planeta vermelho a partir de Terra.

 

 

Dr. João Ezequiel, Universidade de Aveiro

(APEEAEC)