Júpiter – O rei das noites de Primavera

10-05-2016 13:19

Figuras: Júpiter observado pelo Telescópio Espacial Hubble, onde se destaca a grande manha vermelha (esquerda). As quatro luas de Galileu, da esquerda para a direita, Io, Europa, Ganimedes e Calisto (direita, em cima). Posição de Júpiter no céu noturno quando virados a Sul e perto da meia-noite (direita, em baixo). Créditos das fotos: NASA/JPL-Caltech e Stellarium.

 

Nesta edição vamos falar sobre o maior dos planetas do Sistema Solar. Júpiter, que está em oposição (ou seja diametralmente oposto ao Sol e portanto mais próximo da Terra) desde  Março, encontra-se numa boa altura para ser facilmente observado no céu nocturno com uns binóculos, pequeno telescópio ou simplesmente a olho nu.

Para observar Júpiter durante o mês de Março, basta esperar pelo início da noite e olhar para o céu, bem no alto (zénite). Júpiter pode ser encontrado na constelação zodiacal do Leão, não muito distante da estrela Regulus. À vista desarmada, Júpiter surge como um ponto de luz, de cor branca, muito brilhante (com quase magnitude -3), sempre mais brilhante que qualquer estrela do céu nocturno, mas sem cintilação.

Com uns binóculos ou pequeno telescópio não será difícil observar o disco planetário (de quase 45 segundos de arco de diâmetro). Na realidade, Júpiter possui um diâmetro de quase 140000 Km, mas a 663 milhões de quilómetros da Terra, até o maior dos planetas parece pequeno. Na superfície de Júpiter poderão ser observadas algumas bandas atmosféricas que na realidade correspondem a camadas da atmosfera com diferente composição e que giram em sentidos opostos. Também é fácil observar as suas maiores luas (Io, Europa, Ganimedes e Calisto), que aparecem como pequenos pontos brilhantes, no plano equatorial do planeta. Na verdade, Júpiter possui 67 satélites naturais conhecidos mas com telescópios amadores apenas são visíveis os quatro maiores. Estes quatro estão entre as maiores luas no Sistema Solar e foram descobertos por Galileu em 1610. Io, o mais próximo do planeta, é o corpo celeste com maior actividade geológica no Sistema Solar, possuindo a superfície coberta com mais de 400 vulcões e montanhas mais altas que o monte Evereste. Por outro lado, Europa parece possuir um imenso oceano (maior que todos os da Terra) debaixo dos gelos permanentes da superfície. Existe mesmo a possibilidade de esta lua poder albergar vida nesse oceano junto de fontes hidrotermais, tal como nos oceanos terrestres. Já Ganimedes, com 5262 Km de diâmetro, é a maior lua do Sistema Solar, sendo inclusivamente maior que o planeta Mercúrio e é a única lua que possui um campo magnético.

Com telescópios maiores será possível ver mais pormenores da complexa e vasta atmosfera deste planeta gigante, como por exemplo a grande mancha vermelha, uma imensa tempestade 3 vezes maior que o planeta Terra e que existe desde há pelo menos 3 séculos.

Júpiter foi visitado por várias sondas espaciais com outros destinos (Pioneer 10 e 11, Voyager 1 e 2, Ulisses, Cassini, New Horizonts) e estudado em maior detalhe pela sonda Galileu entre 1995 e 2003. Pela importância que o estudo de Júpiter representa não só para a astronomia, mas também para outros domínios da ciência, a agência espacial norte-americana (NASA) lançou em 2011 a sonda Juno, que chegará a Júpiter em Julho deste ano e que promete dar-nos a conhecer mais sobre este planeta gigante.

 

Dr. João Ezequiel, Universidade de Aveiro

(APEEAEC)