Constelações de Inverno

29-12-2015 15:49

 

Com a chegada próxima do Inverno e respetivas noites frias é fácil não nos apercebermos das verdadeiras maravilhas que têm lugar mesmo por cima das nossas cabeças. Uma das mais belas constelações (padrões imaginários formados pelas estrelas mais brilhantes no céu) de Inverno é, sem dúvida, Órion. A constelação tem aproximadamente a forma de um trapézio formado por quatro estrelas brilhantes, das quais se destacam Rígel (supergigante azul, 85000 vezes mais luminosa que o Sol e situada a 900 anos-luz) e Betelegeuse (supergigante vermelha, com um diâmetro 900 vezes maior que o Sol e situada a 450 ano-luz). Três estrelas brilhantes de magnitude similar, normalmente chamadas “três marias” dividem a constelação ao meio, formando o cinturão de Órion. A Nebulosa de Órion, uma das mais belas nebulosas observáveis no céu nocturno, pode ser vista a olho nu ou com binóculos (parece uma estrela desfocada) logo abaixo das “três marias”. Esta nebulosa, composta por gases e poeiras, encontra-se a 1500 anos-luz da Terra e é um local muito activo na formação de novas estrelas.

Na mitologia grega, Órion era um caçador gigante, muito gabarola, até que os deuses (Ártemis ou Apolo, dependendo da versão) se cansaram dele e enviaram um escorpião para o matar. No final, ambas as figuras (Órion e o Escorpião) encontraram lugar na esfera celeste, mas em locais diametralmente opostos, enquanto Órion domina o céu de Inverno, o Escorpião brilha no céu estival.

Nas proximidades (à direita) de Órion, situa-se a constelação zodiacal (no plano equatorial do sistema solar) do Touro. Esta constelação é constituída na sua maior parte por estrelas relativamente pouco brilhantes com a excepção de Aldebaran, uma gigante vermelha, com um diâmetro 38 vezes maior que o Sol, situada a 65 anos-luz da Terra. No Touro podemos também encontrar um dos mais belos aglomerados estelares abertos, as Plêiades ou as “sete irmãs”. Vistas da Terra a olho nu aparentam ser apenas seis ou sete estrelas (formando os contornos de um pequena frigideira), mas na realidade, várias centenas podem ser vistas com binóculos ou um pequeno telescópio. Trata-se de um grupo de estrelas jovens (azuis), relativamente próximas da Terra (440 anos-luz).

Na mitologia grega, estas estrelas eram as sete filhas de Atlas e Pleione, que foram perseguidas pelo caçador Órion. No Japão este aglomerado chama-se Subaru, que por sua vez dá nome à conhecida marca de automóveis.

Dia 22 de Dezembro assinala-se o Solstício de Inverno no hemisfério Norte. Na prática temos o dia mais pequeno do ano, isto é com menos horas de luz e assinalamos a chegada do Inverno. A partir desse dia, os dias vão ser sempre a crescer até ao início do Verão.

Aproveitem as férias, bom Natal!

 

Dr. João Ezequiel, Universidade de Aveiro

(APEEAEC)