Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.)
Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.)
Nesta edição vamos falar de uma árvore muito comum na nossa região e restante país, especialmente em zonas de clima temperado. O carvalho-alvarinho (ou carvalho-roble, também conhecido como carvalho-francês) é uma árvore de médio a grande porte, podendo ter mais de 40m de altura, que pertence à família Fagaceae (a mesma dos sobreiros, castanheiros e faias). Apresenta folhas simples, lobadas, caducas e possui flores masculinas e femininas separadas na mesma árvore. As flores masculinas, produtoras de pólen são de muito pequena dimensão agrupando-se em pequenos cachos caducos. As flores femininas são quase esféricas e dão origem aos frutos, que são as conhecidas bolotas. É uma árvore comum no Baixo Vouga Lagunar, nas margens das valas, rios e em solos húmidos. Existem nove espécies de carvalho em Portugal, sendo possível encontrar na nossa região ocasionalmente, o sobreiro (Quercus suber L.), mais comum em clima Mediterrânico e o ornamental carvalho americano (Quercus rubra L.), originário da América do Norte.
O carvalho-alvarinho, à semelhança de outros carvalhos, pode apresentar umas estruturas esféricas, chamadas bugalhos. Estas são por vezes confundidas com frutos, mas a sua origem é bem mais curiosa. Na realidade, os bugalhos resultam da postura de um ovo por um insecto (uma vespa), nos ramos da árvore. Esta defende-se inflamando os tecidos à volta do ovo, originando o bugalho. A larva da vespa alimenta-se do tecido esponjoso do bugalho e completa o seu ciclo de vida até se tornar adulta. Nessa altura, abandona o bugalho através de um pequeno furo, que é fácil de ver nos bugalhos mais velhos.
Embora hoje represente uma pequena percentagem da floresta portuguesa, o género Quercus, foi o mais importante (e dominante) destas florestas no período pré romanização (há mais de 2200 anos). Progressivamente estas florestas primitivas foram dando lugar a plantações de espécies não nativas como o pinheiro (Pinus pinaster Aiton) e mais recentemente, o eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.). Devido a sua importância para a flora portuguesa, a associação ambientalista Quercus, adoptou o seu nome e símbolo (folha e bolota) deste importante género (Quercus).
Dr. João Ezequiel, Universidade de Aveiro
(APEEAEC)